segunda-feira, 16 de julho de 2012

Câmeras nas salas de aula: certo ou errado?

Olá caros leitores!

Certas escolas (estaduais inclusive) estão instalando câmeras nas salas de aula para monitorar as turmas. A justificativa apresentada são sempre as mesmas, a indisciplina de alguns alunos. Só que alguns veem este gesto como ameaça, coerção, tanto a alunos quanto a professores.

Como argumenta a professora Carol:
"Dizer que é preciso controlar os alunos durante a aula é ofensivo à moral dos alunos,uma vez que a ausência de possibilidade de diálogo - a câmera substitui essa função típica das relações HUMANAS - caracteriza-os como animais. Além disso, quem deve saber controlar os alunos DURANTE a aula, é o professor. Se não for capaz de fazer o mínimo para que sua aula se cumpra, cabe à direção demiti-lo. Controlar os alunos com um professor presente em sala é passar por cima do trabalho do professor, que, entre tantas funções, é capaz de demosntrar autoridade e conquistar respeito não pelo autoritarismo ou por atividades coercivas e punitivas, mas através da demonstração de conhecimento, de uma aula preparada e com conteúdo."

Quanto aos professores sentem-se coagidos a aceitar tal decisão pois podem ser ameaçados de demissão. Uma das funções desta ferramenta seria a vigilância da direção quanto à metodologia do professor e seu relacionamento na sala.

Quanto à comunidade, esta normalmente aceita tudo, já que são facilmente manipuláveis com poucas palavras, facilitando tomadas de decisões - mesmo que ilegalmente.

De acordo com o site meuadvogado.com.br no caso de uma escola é incabível que se faça a vigilância patrimonial com câmeras dentro das salas de aulas, pois em sala já existe a vigilância do próprio Professor. No caso, deve-se limitar a corredores e portões de entrada em saída.

Para o mestre em Educação André Rosa adotar o sistema de monitoramento o estabelecimento de ensino sinaliza o começo da falência da política educacional. “A utilização de câmeras mostra apenas que o professor não tem condições de desempenhar o seu papel e que é preciso um monitoramento para coibir o aluno de praticar qualquer ato considerado errado. Além disso, a escola parece partir do pressuposto de que todo aluno é um deliquente e que é necessário ‘adestrá-lo’ com o apoio das câmeras. Isso representa a implementação de uma espécie de ditadura em sala de aula”, critica André Rosa, que diz não se opor à adoção de meios tecnológicos nas aulas. “Mas não se pode usá-la de qualquer modo, deve haver uma indicação clara de uso. Definitivamente, monitorar em nada contribui na educação dos estudantes”, afirma.

Estas "indicações claras de uso" são as seguintes:

necessidade – deve-se verificar se qualquer forma de monitoração é absolutamente necessária para determinado fim.  Métodos tradicionais de supervisão, menos intrusivos da privacidade dos indivíduos, devem ser cuidadosamente considerados antes da adoção de qualquer monitoração.
finalidade – as imagens colhidas devem ser para um fim especifico, explicito e legitimo, e estas imagens não devem ser tratados para qualquer outra finalidade, como monitoramento do comportamento de educadores e educandos.
transparência – o dirigente da instituição de ensino deve abster-se deve fazer qualquer monitoramento dissimulado, exceto em face de lei que permita.
legitimidade – o uso de imagens do educador e do educando pelo dirigente educacional deve ser feito para fins de interesses legítimos perseguidos por este e não pode violar os direitos fundamentais constantes em nossa Constituição Federal.

Caso a escola não tenha um documento observando CLARAMENTE estas diretrizes (e que deveriam ser debatidas com pais, alunos, mestres, trabalhadores) os estudantes podem denunciar a ocorrência ao Ministério Público, exigindo que se ajuize ação coletiva com vistas à defesa do direito à intimidade de todos os alunos, vez que violado sem razão justa.

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Um comentário:

  1. Grande mestre Valdir... faça minhas as suas palavras, acrecento ainda a questão de coersão proposta pelas cameras em sala... O colégio creio eu educador, deve ser um centro de vontades esperanças mudanças, e o monitoramento através de cameras demonstra apenas a funcionalidade que a educação permeia nos dias de hoje. É necessário criar políticas de segurança pública que sejam instrutivas? ou se deve criar mecanismos de punições para quem vá contra as leis regidas pela sociedade? Michel Foucault deve estar se revirando no tumulo ao ver a questão de adestramento sendo colocada de maneira tão atuante em nossas escolas. A camera cria dentro do âmbito escolar um olhar de medo, tanto de quem educa, como dos alunos. Será que esse é o resultado que a escola deva dar a sociedade? a criação de um aluno não consciente do que faz, mas coagido com medo do que não fez, e sem contar o lado de nós gladiadores da educação, que além dos problemas expostos diariamente nas questões relativas ao educar, como consequências da sociedade,lutaremos (se essa prática se tornar comum) para mostrar que temos capacidade de controlar nosso próprio trabalho. Ao final retrato a cena do filme Charlie Chaplin ao qual o burguês fica sentado em sua sala observando, através de cameras de monitoramento, se o operário está trabalhando direito, assim como determina o aumento da produção da fábrica. Ou seja, pensar em escola hoje em dia se tudo continuar nesse caminho é pensar em uma indústria de produção, e nós professores operários dessa indústria, cabe saber se nós seremos alienados ou não a esse evento. Por isso lutemos por uma educação autonoma livre de coersão.

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